domingo, outubro 30, 2016

D. Sebastião do Rossio



Naquele nichinho entre as arcadas, belíssima entrada da Estação de comboios do Rossio, havia um D. Sebastião em que ninguém reparava. 

Um rapaz escaqueirou-o em nadinhas pequenos, com o objetivo de o imortalizar para sempre numa selfie. 
Agora, todos desejamos o regresso de mais este D. Sebastião.


sexta-feira, outubro 28, 2016

Perdoar e esquecer, ou recordar e lutar?

"Tudo compreender é tudo perdoar" - Tolstoy
Quando eu era muito jovem, compreendia tudo e perdoava tudo. Julgo, ainda hoje, que fazia bem, nessa época.
Mas, se compreender tudo é perdoar tudo, como adultos, de certa forma responsáveis pelo mundo em que vivemos, então não devemos compreender tudo.
As gerações futuras irão pedir-nos contas da nossa complacência e da nossa ingenuidade.

Esta é a atitude deste Blogue. Alguns já o têm acusado de ofender os nacionalistas, os patriotas, ao propor uma versão diferente do mitos nacionais.
Não se pretende ofender ninguém.

Os nossos jovens emigram agora em massa para locais em que as versões da história do mundo e da história da Europa (e de Portugal) não se compadecem com as histórias da carochinha que ouviram à lareira em casa, ou mesmo nas aulas de história (isto dependente do professor, pois é diferente se for de direita ou de esquerda). 
Se existem motivos para nos orgulharmos da nossa história, esses motivos raramente são aqueles que o senso comum diz.

Não me sentirei cobarde, como me sentiria se não tivesse tentado discutir, questionar, contestar, agora que sou adulta

Cito S. Paulo, que me parece muito bom, nestes tempos de criancice:

"Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas infantis.
1 Coríntios 13:11"

Nadinha

quarta-feira, outubro 26, 2016

Entrar no curso de Medicina da Faculdade de Medicina


Já era tempo de se falar deste assunto. O Presidente Marcelo consegue levantar as questões essenciais do país, pois o essencial são as pessoas. Será que esta menina também vai ter uma medalha? :)


Jovem com média de 17,8 que ficou fora do curso de Medicina escreve carta aberta a Marcelo

Uma minha ex-aluna na mesma situação e que entrou para outro curso na Faculdade de Medicina de Lisboa, contou-me que foi  única do seu ano que não tentou suicidar-se. Não que os outros tenham conseguido… 
Uma outra, na mesma situação, enviou-me por email um texto muito poético, mas, a certa altura, o texto dizia que ela queria e não conseguia tirar o X-ato da mesa de cabeceira. 
Foi uma guerra. Telefonei-lhe logo, não atendeu, etc… 

Tanto trabalho! Estes alunos são realmente a elite do país, falhar não é algo que lhes pareça natural ou normal.
Enquanto tantos outros se gabam imenso de notas baixinhas que obtiveram copiar.


No Japão a situação é bastante pior, sobretudo em relação aos rapazes: ao não conseguirem aquilo por que tanto lutaram, não necessariamente o curso de medicina, mas vários, alguns rapazes metem-se na cama e nunca mais se levantam, ficando totalmente dependentes de quem os alimente na cama. Alguns morrem quando os pais morrem. 
São tantos que até têm um nome em japonês: hikikomori,

Por que tantos jovens japoneses têm medo de sair do quarto?

terça-feira, outubro 25, 2016

Professores e alunos

A minha amiga Marina disse-me ontem algo que me impressionou e que já repeti a todo o mundo: A profissão de professor / a é uma das poucas (eu diria que é a única) em que, quando estamos a trabalhar, há sempre vários, às vezes muitos, a boicotarem o nosso trabalho. 
E dá um exemplo: imaginem uma secretária que está a escrever no computador. Um mexe nas teclas, outro tira o cabo do rato, outro faz-lhe cócegas, outro faz-lhe tombar a cadeira em que está sentada. E apesar de tudo isto ela lá vai fazendo o seu trabalho. Não tão bem como o faria se o pudesse fazer em paz.
Sim, esta é a miserável condição do professor na atualidade, pior do que há 5 ou 10 ou 20 anos. Só foi pior no PREC.
Aliás, esta é uma consequência do PREC: ao pôr em causa a autoridade de forma bacoca, retirou autoridade àqueles que não podem deixar de a ter.
E assim vamos, pois ninguém se atreveu, até agora, a alterar isto.
Aliás, quem é que neste país se preocupa com a educação? 
Até os professores e os seus representantes aguentam calados, de modo masoquista e envergonhado, este contínuo boicote... e nem falemos dos pais.

Comparamo-nos com a Finlândia? Comparemo-nos com o que nós pensaríamos sobre o assunto, se nos déssemos ao trabalho de pensar.
Estou convencida que a maravilhosa educação da Finlândia é mais um mito urbano. É fácil que pareça maravilhoso aquilo que é falso.

sexta-feira, outubro 21, 2016

Blog Terra Imunda "Vintage"

Blog Terra Imunda "Vintage"

Ver este diálogo


http://terraimunda.blogspot.pt/2007/08/senhora-se-calhar.html

segunda-feira, outubro 17, 2016

Orçamento de Esquerda?

Parece que está toda a gente, enfim, muita gente, chateada por este orçamento ser de esquerda. Quem o diz de esquerda é o Ministro das Finanças, que, se fosse hipócrita, teria negado a pés juntos tal declaração.
Eu votei Geringonça, ou seja, votei num governo de esquerda, constituído com o apoio da maioria dos votos do povo português.
Pelo que se vê, a Geringonça está ser o melhor governo que tivemos até hoje.
A prova é que os humoristas Coelho Fedorento e Albuquerque Fedorenta só conseguem acusá-lo de "aumentar as desigualdades sociais" (LOL LOL LOL) e de não cumprir integralmente, ao milímetro, todas as promessas que fez (ao contrário do Coelho Fedorento)
(LOL LOL LOL).

sábado, outubro 15, 2016

Esta rapariga é muito cómica naquilo que escreve, vai ser a próxima "Gata Fedorenta"




"MariaLuís Albuquerque: Orçamento assenta em aumento de impostos e reforça injustiça social"

Uma estranha e “nova” forma de submissão à portuguesa: os espertos conformam-se.


Os portugueses estão sempre a inventar novas formas de submissão e de conformismo. 
Longe vão os tempos em que muitos dos “nossos” eram torturados  ou mortos, espoliados e, claro, ostracizados. 
Mas esses também eram uma minoria, que no seu tempo foi desprezada, para ser elevada ao estatuto de herói depois da revolução de abril e de outras revoluçãoes, pois em Portugal o poder só se perde por revoluções. 
Por exemplo, a revolução da Geringonça.

Passar de mártir a herói morto não é para qualquer um. Mesmo que não morra, o herói perde os cabelos, envelhece mais do que o cidadão comum, perde dedos, dentes, etc., tudo antes de chegar a herói.

Vem isto a propósito: há poucos anos, um ou dois apenas, todos os funcionários públicos afirmavam, em tom agressivo para ser convincente, que os funcionários públicos nunca mais receberiam subsídio de Natal ou de férias, que cada vez iriam ganhar menos, pagar mais impostos, por ser esta a evolução natural do governo PAF: passos coelho paulo portas. Seria esta evolução se este PAF continuasse no poder, o que esteve quase para acontecer. 
Porquê?
Claro que ninguém iria votar Bloco de Esquerda, ou PCP, nem mesmo PS, pois a país precisava desesperadamente de um tipo parecido com o Salazar, que o espezinhasse e que desse dinheiro aos mais ricos, tirando pobres e remediados. 
No segundo ano da Geringonça, ainda tudo está bem, as pessoas ganham mais, recuperaram a alegria, sem as ameaças de catástrofes dos dois urubus, passos e portas.

Conheci pessoas que se reformaram antecipadamente, pessoas que pareciam ser viciadas em trabalho, mas que optaram pela aposentação antecipada perdendo muitíssimo dinheiro por mês, com o argumento de que, como a reforma tem por base o vencimento, como cada vez ganhamos menos, logo, se trabalharmos mais tempo vamos ganhar menos. 

Essas pessoas eram e são consideradas muito espertas, sabidas, etc. . Pois!
É o que convém, chamar espertos e sabidos aos submissos e conformistas.

E esta atitude alastra-se a todas as relações de poder. Contestar, criticar, provocar?  Não. Os espertos conformam-se. 

sexta-feira, outubro 14, 2016

A viagem


Em determinados momentos, vemos as pessoas como boas ou más, aliadas ou inimigas.
Mas a vida é uma viagem. As pessoas são embarcações, boas ou más, das quais desembarcaremos algum dia. 

Trump e ou os piropos do BE

À beira das lágrimas, Michele Obama protesta contra a atitude de Trump contra as mulheres. 
As suas palavras, em Portugal, seriam consideradas as de uma perigosa feminista, como quando acusa os piropo de graves ofensas. 
Em Portugal toda a gente se riu quando quiseram proibir os piropo. 
Cada vez me sinto mais revoltada nesta terra, que nem é água nem é vinho, nem é nevoeiro, nem "nuvem, sonho ou nada", para usar palavras de Pessoa e de Camões.

O título deste blog, que já esteve para ser mudado, está agora muito atual, quer se referi a esta pequeníssima terra, quer se refira ao planeta e ao mundo.

Segue o vídeo, infelizmente não traduzido para português.



https://www.facebook.com/quartznews/videos/1306435332723499/

quarta-feira, outubro 12, 2016

Já podemos ficar por debaixo da Ponte. Vai ser chic







Vai ser o novo Museu Berardo. Ainda em construção / restauração, mas já chama muito a atenção. 
 Fica por baixo da ponte 25 de abril, ver fotos, e chama-se Por baixo da Ponte, ou melhor, Under the Bridge. Conheceis:) ?

Rua da Junqueira, mesmo por baixo da ponte.

Nem seria mau se um museu sediado em Lisboa tivesse um nome português, por exemplo:
Por Debaixo da Ponte

sábado, outubro 08, 2016

Há ou não há público para a cultura, em Portugal?




Existe um novo fenómeno na sociedade lisboeta: a afluência em massa a eventos culturais gratuitos, como a inauguração do novo museu, visitas ao Palácio de São Bento, ou a adesão, também em massa, a campanhas como a do "crowdfunding" para comprar o quadro do Sequeira, promovido pelo Museu Nacional de Arte Antiga, para só dar dois exemplos. 

Alguns veem com consternação ou com ironia esta gente, que consideram movida pelas televisões, quando se veem  às moscas tantos outros produtos e equipamentos culturais...

Mas também é caso para perguntar por que razão nem uma décima dessas pessoas está disposta a gastar tempo e dinheiro, ou só tempo, ou só dinheiro naquilo a que chamamos cultura. 
Comeu muito gato por lebre?
Os eventos e os produtos culturais são caros? 
São feitos para uma elite que não existe? 
São um subproduto de outros subprodutos, como os livros portugueses comerciais e light, ou parte do teatro?  
Creio que cada uma destas respostas é verdadeira, caso a caso.

Muitas pessoas que frequentavam os teatros e outros eventos, agora ficam em casa e não sentem a falta das grandes e inúmeras secas que apanharam.
Por baixo, por cima ou ao lado, floresce uma sociedade que lá vai fazendo evoluir o país.

Caso para perguntar: 
Há ou não há público para a cultura, em Portugal?
Público é o que não parece faltar.


Guterres e Sócrates: a bela e o monstro 

quinta-feira, outubro 06, 2016

Portuguesinhismo, também conhecido por Chicoespertismo ou mesmo, mais dramaticamente, por Chico Lamúrias


Na reunião de condóminos, vários deixaram de pagar a quota, depois de um desses ter perguntado, indignado:
-Quê? Há pessoas que não pagam? E o que é que lhes acontece? 
- Nada, claro!
- Nada?!
- Nada, claro, a legislação prevê que o condominio coloque essas pessoas em tribunal, mas isso fica tão caro ao condomínio... Mesmo que perdessem e pagassem, não dava para o condominio pagar às custas do processo...
- Pronto, conclui o portuguesinho. Então ninguém paga e eu é que vou pagar?! 
(Manguito disfarçado). 
Consternação geral, com pena do Chico Lamúrias. 


Sebastianismos... Ou portuguesinhismos


Não sei se já vos contei isto. Tive uma amiga, não muito inteligente, mas identificando-se muito com o povinho português, do qual sentia orgulho, ódio e vergonha, dependendo do caso que estivesse na ribalta. 
Tinha um desses cursos médios que davam equivalência ao bacharelato e o bacharelato dava equivalência à licenciatura, mais ou menos, digamos assim...  sem se poderem comparar nem vagamente com um curso superior a sério de há uns 30 ou 40 ano.
Tinha um ótimo emprego, conseguido por cunhas da igreja, a qual não não frequentava. 
Um dia contou-me que estava encarregada de fechar as portas do palácio em que trabalhava, com umas amigas de trabalho. Contou que um senhor coronel tinha tido o costume de fechar as janelas e, desde que tinha morrido, ela e as amigas continuavam a ouvir bater as portadas das janelas do andar de cima.
- Porquê? - perguntei.
- É o senhor coronel. Claro.
Expliquei-lhe o óbvio: com o trabalho não se brinca e ela não podia fechar o palácio sem ver o que se passava no andar de cima:
- É o senhor coronel! 
Um domingo em que estávamos juntas, a minha amiga recebeu um telefonema aflito: o senhor coronel (um vivo) tinha ficado trancado dentro do palácio, sexta e sábado e era preciso ir abrir-lhe a porta. 
- Mas ele não chamou por vocês, quando viu que e ficava trancado lá dentro? - Perguntei.
- Chamou. - Foi a resposta.
- Então e vocês não ouviram? - Pergunto, estupefacta.

Resposta envergonhada: ouvimos....